quarta-feira, 13 de julho de 2011

Holanda

A Holanda foi o primeiro de quatro países que visitei junto com a minha mãe. Na metade de Maio ela foi me visitar em Dublin, passou alguns dias por lá, e então partimos para uma viagem pela Europa. Holanda foi o primeiro destino, porque minha mãe tem uma amiga que vive lá. Essa história é bem interessante.

Minha mãe estudou jornalismo na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria, onde também me formei, mas em Desenho Industrial). No curso, ela conheceu uma moça do Chile, chamada Gema, e elas eram muito amigas. Certa vez, dona Gema foi ao DCE (boate universitária que eu mesmo frequento de vez em quando) e conheceu Hans Van Orden (nome foda), um holandês que estava em Santa Maria também a estudo. Eles se casaram e foram viver na Holanda, e desde então a “tia” Gema e minha mãe nunca mais se viram.

No entanto, as duas nunca perderam o contato. Sempre escreviam cartas, mandavam cartões de Natal, e eu cresci ouvindo falar da tia Gema que morava na Holanda, e de como um dia a mãe queria reencontrar a velha amiga. Então, 23 anos depois, elas se reencontraram! E eu finalmente conheci aquela “tia” de quem só ouvia falar.

Mas voltando, em um sábado de manhã, eu e minha mãe pegamos um avião da Ryanair de Dublin até uma cidade holandesa chamada Eindhoven, onde fomos recebidos pela tia Gema, o marido Hans, e muito sol (algo que passou a ser um tanto incomum pra mim após uns meses em Dublin). Os dois nos levaram de carro até Tilburg, cidade onde eles moram, que fica bastante perto de Eindhoven (na Holanda tudo é bem perto, o país inteiro é menor que o Rio Grande do Sul).

Chegando a Tilburg, encontramos um bairro bem diferente. Era meio que um “conjunto habitacional”, todas as casas eram iguais, brancas, a maioria de um piso só, de arquitetura muito simples, mas um visual até moderno. Por dentro, a casa era impressionante, muito bonita. Era como eu imaginava uma “casa do futuro”.

Comemos alguma coisa enquanto o Hans nos dizia o que tinha planejado pra nossa estadia. Logo depois do almoço, sairíamos de carro para Amsterdã, e no caminho passaríamos por alguns pontos interessantes e bem típicos. Neste dia, tivemos a companhia da Ineke, filha mais velha da tia Gema (22).

Com poucos minutos dentro do carro, já dava pra ver alguns moinhos brotando no horizonte. Quando vi o primeiro, achei uma maravilha. Já queria tirar um milhão de fotos. O Hans, vendo minha empolgação, falou “calma daqui a pouco tu vai ver 19 deles!”. Ah sim, por ter morado no Brasil, o Hans conversava com a gente em português (ele também fala inglês, espanhol, francês e claro, holandês. E se não me engano, mais línguas além destas!)

Passamos por uma vilinha típica holandesa, cheia de canais e casinhas. Tentei tirar tanta foto desse lugar, mas nenhuma mostra direito a atmosfera histórica e pacífica da vila. Mais alguns minutos e chegamos a um parque chamado Kinderdijk, um dos lugares mais bonitos que já visitei.

Todo o complexo foi construído no início do século XVIII, e tem 19 moinhos que eram usados pra administrar o nível da água e impedir inundações. Hoje o parque é patrimônio da Unesco. A paisagem parecia saída de alguma pintura. As pessoas alugavam bicicletas e andavam na beira dos canais, tomando sorvete e olhando os moinhos. Além disso, o estado de conservação do lugar era impecável. Eles cobravam um pequeno valor de entrada, que era usado na manutenção do complexo. Na Holanda, o povo costuma dizer: “Deus criou o mundo, mas foram os holandeses que criaram a Holanda”

Saindo de lá (não que eu tivesse a mínima vontade de sair), continuamos em direção à capital Amsterdã. Como já era de se esperar, uma bela cidade, organizada, limpa, cheia de canais e estes cheios de barcos. Muitos barcos e muitas bicicletas, poucos carros. Gostei muito disso, dava a impressão de que realmente o ar era mais limpo.

Uma questão IMPORTANTÍSSIMA da cidade de Amsterdã, peço mil desculpas, mas ficarei devendo aqui. Como já mencionei, minha mãe me acompanhou nessa viagem. Então tudo o que posso dizer sobre isso é SÓRI =T

Enfim, passamos a tarde de Sábado por lá, e a noite retornamos a Tilburg. No Domingo, acordamos e tomamos o café da manhã (que na Holanda é uma refeição grande, pois eles não costumam almoçar o.o), saímos de casa e fomos assistir a um pedaço do jogo de Hockey da Ineke. Lá eles jogam Hockey, tanto no gelo quanto em um gramado sintético. Partimos antes do fim da partida e fomos para Bruges, na Bélgica, sobre a qual falarei na próxima postagem.

Na Segunda-Feira conhecemos um pouco da cidade de Tilburg, passeamos pelo centro e conversamos. A cidade é bem pequeninha, mas muito organizada, mantendo os padrões holandeses. Conversando um pouco com o pessoal de lá percebi o quanto a cultura deles é diferente e "evoluída“.

Comparada ao Brasil, a Holanda é pequena e tem poucos recursos. E por terem pouco, eles aproveitam o máximo de tudo. Eles constroem, por exemplo, telhados mega resistentes com palha (que é uma matéria prima praticamente infinita, devido a rapidez com que cresce). Por terem pouca área verde (de novo, comparados ao Brasil), eles conservam com todos os esforços. Eles usam energia eólica, carros elétricos, reciclam o lixo, e por aí vai. Se todos os países tivessem essa mentalidade, o apocalipse demoraria muito mais pra chegar. Agora é tarde demais, daqui a pouco já é 2012 e adeus mundo =/

Enfim, na Terça fomos a Mastrich, acompanhados do filho do meio, chamado Hans Cristian (20). Outra cidade também pequena, mas muito histórica e bonita. E era incrível, porque tudo na Holanda era ótimo. Eu ficava o tempo inteiro pensando que seria um lugar bom pra viver. No início achava que era só porque estava cansado de Dublin, mas quanto mais eu via, mais percebia que realmente, viver na Holanda deve ser massa.

Finalmente, na Quarta à tarde, pegamos um ônibus que levaria 11 horas para chegar em Berlin, na Alemanha. E isso é assunto pra outra postagem, encerro esta por aqui. Abraços aos que acompanham, até a próxima!

terça-feira, 5 de julho de 2011

De volta

Após um longo tempo sem postar, volto aqui para dizer que estou de volta à minha querida terra, o Brasil! Recapitulando um pouco minha jornada, fui morar em Dublin, capital da Irlanda, no dia 21/11/10. Voltei à minha cidade, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, no dia 29/06/11, totalizando pouco mais de 7 meses de jornada.

Na realidade, minha intenção inicial era ficar 1 ano. Meu objetivo era aprimorar meu inglês, viajar um pouco pela Europa, mas principalmente viver uma experiência diferente do que eu estava acostumado. A viagem acabou por se encerrar um pouco mais cedo do que o esperado, porque no fim o tempo que fiquei foi suficiente pra cumprir minhas metas, e não havia nada que me prendesse em Dublin por mais tempo.

A verdade é que escolhi uma época complicada para morar lá, economicamente falando. Acabei passando por muito mais dificuldades do que esperava, mas isso resultou em um aprendizado enorme e em muito auto-conhecimento. Mudei minha visão a respeito de inúmeras coisas, e hoje posso dizer com segurança que não me arrependo de nada.

Outra coisa que eu não esperava era conhecer pessoas que se tornaram tão queridas para mim. Graças à minha “família internacional”, pude enfrentar muito mais coisas do que enfrentaria sozinho. Conheci também por lá muitos brasileiros incríveis, e até gente da minha própria cidade! As novas amizades foram de longe meu maior ganho durante esse período que passou. Quero um dia poder reencontrar meus irmãos internacionais (e também nacionais!) e relembrar o que foi vivido na cidade de Dublin.

Ainda assim, estou MUITO feliz em estar de volta! Senti falta de coisas que não imaginava serem tão importantes pra mim. Agora me sinto, definitivamente, em casa. Acredito que a diferença cultural, junto com um conjunto gigantesco de fatores (pois TUDO por lá era MUITO diferente), foi o que me fez sentir tanta saudade daqui.

Uma coisa da qual muita gente me ouviu reclamar DIRETO era o clima. Muitas vezes podia parecer frescura, mais não era. O clima me irritava PROFUNDAMENTE, por ser a coisa mais indefinida que já presenciei. É só pegar chuva, sol, frio, calor, vento, mais chuva, multiplicar por 10, embaralhar loucamente e jogar tudo isso dentro de um dia. Muita gente diz que se adaptou. Eu não acredito nessas pessoas.

Mais uma coisa: No inverno, anoitecia às 15:30 da tarde. No “verão” (quem chama o que eu vi em Junho de “verão” não tem muita noção do que está dizendo) anoitece às 23:30 e amanhece 2:30 (queria estar mentindo). Eu não curtia muito isso.

Ainda assim, da pra dizer que, nos poucos momentos em que se vê alguns raios de sol, Dublin é uma cidade bonita. A arquitetura é bastante típica, bastante casinhas de tijolos e poucos prédios. Em qualquer canto da cidade, é fácil achar um parque com bastante área verde, onde muita gente fica passeando, lendo livros ou brincando com os filhos. Além disso, o rio Liffey que cruza a cidade deixa a paisagem bem mais agradável, tanto de dia quanto de noite.

Outra coisa bem diferente da realidade com a qual eu estava acostumado é o acesso que se tem a TUDO por lá. As coisas que eram lançadas não demoravam dias pra chegar (na minha cidade, pelo menos, tem coisas que nem chegam). Qualquer produto relacionado com tecnologia saia na hora e era fácil de encontrar, sem falar no cinema e nos shows que aconteciam o tempo todo (shows como Rush, Roger Waters, Robbie Williams, Neil Diamond e outros nomes grandes da música aconteceram enquanto eu estava lá).

Por fim, quero falar um pouco do povo. A cultura deles é BEM diferente da nossa. E infelizmente, por causa da região específica de Dublin onde morei durante 6 dos 7 meses que fiquei lá, acabei vendo um lado muito decadente da sociedade Irlandesa. Minha vizinhança tinha bastante gente bêbada, desempregada, desocupada, estressada, mal-educada, e por aí vai. Infelizmente, esse tipo de pessoa existia em grande número, e ficou claro pra mim que era por causa deles que a Irlanda não ia pra frente.

Mas problemas desse tipo existem em qualquer sociedade, e isso não me fez esquecer muitos irlandeses ÓTIMOS que conheci por lá. E foi esse tipo de pessoa que me fez querer me esforçar cada vez mais pra entender o sotaque mega forte que eles tem.

Enfim, o que tenho pra dizer por enquanto é isso. Mas, por esta ser uma postagem que fala do fim da minha experiência, não significa que este é o fim das postagens sobre viagens! Nos meus últimos dias por lá viajei bastante, e acabei acumulando fotos e histórias para contar. Então em breve, estes relatos estarão disponíveis aqui, no diário mendiguesco!

EM BREVE!

Abraços.